Resenha do livro Cinco pontos – John Piper (Parte 1)



O plano de salvação de Deus é uma obra grandiosa e quão maravilhosa é a sua graça, mas infelizmente não só hoje mas durante a história da igreja doutrinas arminianas tem diminuído o valor de tão grande salvação, descentralizando Deus da história e colocando o homem como co-participante de uma obra que não pode ser feita por ele. O Senhor é o autor de consumador da nossa fé e isso precisa ser firmado nos nossos corações para que a beleza dessa obra possa ser contemplada todos os dias de forma que os nossos corações se encham de humildade, gratidão, segurança e paixão por missões.
Neste livro John Piper resumiu os 5 pontos que tratam das doutrinas da graça de forma muito sucinta e de fácil compreensão, é um livro ideal para aqueles que não serão teólogos mas querem entender desse assunto tão importante da vida cristã.

Parte 1: Raízes históricas e Depravação Total


Capítulo um: Raízes Históricas

Neste capítulo Piper resume o calvinismo na história, falando da influência de João Calvino, com seus comentários e suas Institutas da Religião cristã, tanto na teologia da sua época como nos dias de Hoje, ele e Martinho Lutero foram os dois grandes proponentes da Reforma protestante no seu tempo. Ele conta também sobre o início da controvérsia entre o calvinismo e o arminianismo que se deu na Holanda, no início dos anos 1600.
Armínio estudou em Genebra mas gradualmente recusou alguns ensinos calvinistas e o seu ensino se espalhou e então os arminianos formularam seu credo em Cinco Artigos.
A resposta oficial calvinista veio do Sínodo de Dort em 13 de novembro de 1918 e ficou conhecido como os Cânones de Dort afirmando assim os Cinco Pontos do calvinismo em resposta aos cinco artigos dos remonstrantes arminianos.
Esses cinco pontos não são insignificantes - explica o autor, pois estão no âmago da teologia bíblica.
Em algum momento da história os cinco pontos foram resumidos, em inglês, no acrônico TULIP.
Este acróstico não exaurem obviamente as riquezas da teologia reformada, e também sua nomenclatura vem sofrendo algumas melhorias ao longo dos anos, alguns até não utilizam do acrônico apesar de crerem no seu ensino.
No entanto Piper mesmo enfatiza que não tem nenhum interesse especial no próprio João Calvino e pensa até que algumas das coisas que ele ensinou são erradas. Mas que, em geral está disposto a ser chamado de calvinista dos Cinco Pontos pois acha que é a posição calvinista é fiel as escrituras.
O autor também afirma que o grande desejo dele com este livro é aprofundar nossa experiência na graça de Deus e honrá-lo.



Capítulo dois: Depravação Total


Piper inicia a explicação do primeiro ponto do calvinismo explicando que a depravação do homem denota a sua condição natural, sem qualquer graça exercida por Deus para restringi-lo e transformá-lo.
Ele esclarece que a totalidade dessa depravação não é, evidentemente, que o homem faz tanto mal quanto deveria fazer, mas que até sua “virtude” é má aos olhos de Deus pois “tudo que não provém da fé é pecado” Rm 14:23.

O autor enfatiza que a nossa depravação é total em pelo menos 4 pontos:


      1- Nossa rebelião contra Deus é total.

Ele argumenta que sem a graça de Deus, não há nenhuma prazer na graça de Deus e nenhuma submissão prazerosa à sua autoridade soberana.

Que mesmo que os homens sejam religiosos, e eles são muitas vezes, se não procede de um coração confiante, como de criança, na graça gratuita de Deus é rebelião.

A totalidade da nossa rebelião é vista em Rm 3: 9-11 e 18 segundo Piper, e toda busca que honra a Deus é um dom de Deus. Não se deve a nossa bondade natural. É uma ilustração do ato de Deus em vencer misericordiosamente a nossa resistência natural contra ele.

2 – Em sua rebelião total tudo que o homem faz é pecado.

Aqui ele reitera o que argumentou no início de que todo ato sem Deus é pecaminoso, pois tudo que faz é fruto do seu estado de rebelião e não pode ser uma honra para Deus.

Em Rm 7:18, Paulo diz “Eu sei que em mim, isto é na minha carne, não habita bem nenhum” Piper enfatiza que essa é uma confissão radical de que em nossa rebelião, não podemos pensar ou sentir nada que seja bom pois “carne” aqui se refere ao homem em seu estado natural sem a obra do Espírito de Deus.

Ele também explica que apesar de a palavra bem ter uma variação de significados os atos aparentemente bons dos incrédulos não são realmente bons do ponto de vista de Deus pois não visam a glória de Deus (1 Cor 10:31)
  
3-   A incapacidade do homem para submeter-se a Deus e fazer o bem é total

Neste ponto Piper afirma que a mente da carne (ou “pendor da carne”) é inimizade contra Deus (Rm 8:7-8), ou seja o homem natural tem uma mentalidade que não se submete e nem pode se submeter, a Deus. O homem não pode reformar a si mesmo, o autor também reforça seu argumento em Ef 2:1 explicando que nós estávamos mortos nos nossos delitos e pecados.


4 – Esta rebelião é totalmente merecedora de punição eterna

Neste ponto o alerta se dá no fato da realidade de que o inferno é uma acusação clara de Deus sobre a infinitude de nossa culpa. Se a nossa corrupção não merecesse uma punição eterna, Deus seria injusta em ameaçar-nos com uma punição tão severa quanto o tormento eterno. Por isso temos que pensar em nós mesmos como totalmente dignos de culpa quando estamos sem a graça salvadora de Deus.

Piper resume que a depravação total significa que nossa rebelião contra Deus é total; tudo que fazemos nessa rebelião é pecaminoso; nossa incapacidade de submeter-nos a Deus é total, e somos, portanto, merecedores de punição eterna. Se não enxergarmos isso nossa compreensão da obra de redenção será deficiente.

O autor termina esse capítulo esclarecendo que o alvo do livro não é deprimir, nem desencorajar nem paralisar pois conhecer a seriedade de nossa doença nos tornará ainda mais admirados com a grandeza do nosso médico. A maneira como adoramos a Deus e a maneira como tratamos as outras pessoas, em especial nossos inimigos, são profunda e admiravelmente afetadas por conhecermos nossa depravação.





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